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Carros elétricos: veja as perspectivas para o consumidor brasileiro

A indústria automotiva brasileira precisa caminhar para a transição em direção aos veículos limpos, os carros elétricos, que o contexto internacional demonstra ser uma tendência irreversível, que vai aumentar nos próximos anos.

O Brasil, a partir dos anos 1950, optou pelo transporte rodoviário. As ferrovias foram esquecidas e só muito recentemente foram lembradas durante a greve dos caminhoneiros, em maio de 2018. A greve fez com que as grandes cidades do país entrassem em uma situação caótica, pela falta de combustíveis nos postos e sem abastecimento para o funcionamento dos serviços básicos para a população.

Depois do grande prejuízo, para os setores produtivos e para a população restou a certeza de que são necessárias alternativas ao transporte rodoviário alimentado pelos combustíveis à base de petróleo. Com a crise econômica crescente, a opção pelos trilhos continua a ser relegada a segundo plano e vem se destacando uma outra alternativa nos planos de pesquisadores e das empresas, os veículos elétricos (VEs).

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No mundo, os modelos movidos a energia elétrica bateram todos os recordes na produção. O número de unidades desse tipo  passou dos 3,1 milhões em 2017, um aumento de 56%  em relação ao ano anterior. De acordo com a Agência Internacional de Energia (IEA, em inglês), o crescimento vem sendo constante: de 1 milhão em 2015, passou para 2 milhões em 2016.

Entretanto, a frota ainda é incipiente, em apenas três países o número dos carros elétricos é igual ou superior a 1% do número total de automóveis: Noruega (6,4%), Holanda (1,6%) e Suécia (1%). O maior número está na Noruega, onde representaram 39% das vendas de carros em 2017. O país pretende eliminar carros a gasolina ou diesel até 2025, com a adoção de incentivos fiscais e de favorecimento das importações. A Alemanha assumiu o compromisso de encerrar a produção de carros a combustão. A União Europeia estabeleceu uma redução de 30% na emissão de carbono, que deverá ser obedecida pelas montadoras até 2030. Até 2025 a redução deverá ser de 15% e os fabricantes que desobedecerem poderão pagar multas milionárias.

A China também está interessada em substituir os carros com combustível fóssil. Atualmente o país detém 40% da frota global de elétricos, isto é, cerca de um milhão de veículos. No mercado interno, no entanto, ainda representava 2,2% (580 mil) do total de carros vendido na China em 2017. O governo chinês criou um sistema de crédito para estimular a indústria e o objetivo é aumentar a fabricação dos VE para 10% do total em 2019 e 12% em 2020.

Carros elétricos: veja as perspectivas para o consumidor brasileiro

Imagem: Getty Images

No lado brasileiro

O Brasil está engatinhando quanto aos VEs. Até 2017, existiam apenas 10 mil veículos elétricos ou híbridos em circulação, com uma venda que representou apenas 0,2% dos quase 2,2 milhões de carros licenciados.

Não existe uma política governamental para o elétrico, apenas uma informação que talvez faça o mercado se mexer, segundo a Associação Brasileira de Veículos Elétricos (ABVE). O país ainda não faz parte do Energy Vehicle Initiative (EVI), fórum multigovernamental, que desde 2009 reúne os países avançados no tema dos VEs pelo mundo.

O Brasil está entrando tardiamente nesse mercado. A primeira venda de um carro elétrico ou híbrido ocorreu somente em 2006. A casa de centenas de unidades só foi registrada em 2016. A professora Flávia Consoni, do Instituto de Geociências da Unicamp, afirma que se analisarmos a realidade brasileira, será preciso criar um carro elétrico brasileiro, que não pode ser uma adaptação dos que existem em outros países. O Brasil está destacando o incentivo ao biocombustível, o que cria um problema para o veículo elétrico. Há um compromisso das políticas públicas com o etanol.

Precisamos de eletropostos

Ainda não existe no Brasil uma iniciativa consistente em criar eletropostos, indispensáveis para o uso dos VEs. No Japão já há mais eletropostos que postos de combustível atualmente e o país é muito menor que o Brasil.

A capital da Holanda, Amsterdã, tem 4 mil postos públicos de abastecimento. São Paulo tem 50, mas são projetos diferentes. Enquanto que em Amsterdã quase não há garagens, as pessoas estacionam na rua, os eletropostos também ficam na rua. Em São Paulo a situação é oposta, os proprietários evitam deixar os veículos na rua. Segundo representante da BMW, o Brasil poderia propor a instalação dos eletropostos em locais privados, em prédios comerciais e residenciais, de forma que a recarga aconteça no momento em que o motorista está em casa ou no trabalho.

Desde o ano passado, a BMW começou a instalar eletropostos para carros elétricos em pontos comerciais.. Em parceria com estabelecimentos como postos Ipiranga, Iguatemi e Multiplan, existiam, em 2018, 30 estações de recarga em cinco estados: São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Minas Gerais e Santa Catarina, além do Distrito Federal. Atualmente, esses eletropostos são gratuitos, uma forma de atrair consumidores e valorizar a imagem dos patrocinadores do serviço de recarga.

À medida em que o carro elétrico ganhar mercado, será preciso pagar a conta. Mas, de acordo com a legislação, somente as companhias concessionárias de energia elétrica, regulamentadas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), podem cobrar pelo fornecimento do quilowatt-hora (kWh). A única saída seria a comercialização de energia como serviço e não por consumo, o que faria aumentar o número de eletropostos no país, depois que os comerciantes tivessem estímulo para esse tipo de cobrança. O investimento para a compra e instalação de um eletroposto no Brasil é caro, além do gasto mensal com energia. Por esse motivo, os pontos de abastecimento não aumentam.

Sem essa infraestrutura não haverá o crescimento desse mercado. Será preciso discutir não só com o governo, mas também com empresas não diretamente ligadas às montadoras, além de agentes do setor energético. A CPFL Energia começou a transformar a Região Metropolitana de Campinas (RMC) em um local privilegiado para testes para veículos elétricos. Chamado de Projeto Emotive, foram instalados dez eletropostos, oito nas cidades e dois nas rodovias Bandeirantes e Anhanguera, com o objetivo de criar um corredor intermunicipal do estado, ligando Campinas a São Paulo.

A Companhia Paranaense de Energia (Copel) e a usina Itaipu Binacional criaram parcerias para a instalação de eletropostos no Paraná, para dez pontos em 700 quilômetros da BR-277, desde Foz do Iguaçu até Paranaguá, no litoral. O primeiro ponto foi inaugurado em Curitiba, no início da rodovia. Esses eletropostos vão abastecer até 80% da bateria entre 15 e 30 minutos.

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A EDP, empresa portuguesa, em parceria com a BMW está criando um corredor elétrico, que vai ligar São Paulo e Rio de Janeiro. As empresas prometer a instalação de seis pontos de recarga a cada 100 km da Rodovia Presidente Dutra. Os pontos carregam 80% em até 25 minutos, sendo compatíveis com todos os modelos de VEs.

Elétricos híbridos

As montadoras no Brasil têm discutido a viabilidade de veículos 100% elétricos no país. Algumas apostam no VE “puro”, enquanto que há as que defendem os híbridos, que são aqueles que utilizam combustível, que pode ser a gasolina ou o etanol e cuja bateria pode ser carregada ao mesmo tempo em que ele roda.

O híbrido parece ser a porta de entrada para o modelo, porque o consumidor ainda tem receio em comprar um carro elétrico, enquanto a infraestrutura necessária para o VE ainda não estiver consolidada em todo o país. A montadora japonesa Toyota, por exemplo, não pode ainda trazer modelos totalmente elétricos, o valor da bateria é muito alta, a infraestrutura ainda não está instalada e o público interessado é pequeno.

Os modelos híbridos e flex, podem representar uma opção viável para o consumidor brasileiro, porque é mais barato que o modelo puro e porque tem maior autonomia em locais sem os eletropostos. Os motoristas ainda ficam muito inseguros quanto à recarga. O preço também é um fator importante, porque um VE custa o dobro do seu semelhante à combustão.

A mudança é global e irreversível

O aumento da concentração de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera da Terra preocupa cientistas e populações de todo o mundo. Segundo a Or­ga­ni­za­ção Me­te­o­ro­ló­gi­ca Mun­di­al (OMM) essa concentração che­gou a níveis assustadores de 403.3 par­tes por mi­lhão (ppm) no ano de 2016. O gás dióxido de carbono é o causador do efeito estufa no planeta e uma de suas maiores causas são as emissões da queima do petróleo e seus derivados. O Acordo de Paris, promovido pela ONU (Organização das Nações Unidas), estabeleceu, em seus Ob­je­ti­vos de De­sen­vol­vi­men­to Sus­ten­tá­vel quais os es­for­ços que devem ser feitos pa­ra di­mi­nu­ir a emis­são do gás. Como reflexo dessa iniciativa, os países desenvolvidos, como No­ru­e­ga, Holanda e Alemanha têm apostado e investido cada vez mais nos carros limpos de emissões poluentes, os car­ros elé­tri­cos.

A mudança para o veículo elétrico é uma realidade global, que mais cedo ou mais tarde vai chegar ao Brasil, de acordo com a dimensão da infraestrutura adequada que for implantada. Isso depende não apenas da iniciativa privada, mas de investimentos públicos. Entretanto, em um governo que adota a tendência de redução do papel do Estado, e cortes generalizados no orçamento, os investimentos serão cada vez mais limitados em infraestrutura.

A tendência mundial da maioria dos países, que se comprometeu com as metas estabelecidas pelo Acordo de Paris é impedir que se chegue a um aumento da temperatura do planeta, que inviabilize a produção de alimentos e leve a eventos atmosféricos destrutivos em nível global. A imensa maioria dos governos se empenha no movimento de controle da poluição, que provoca o efeito estufa e as mudanças climáticas. Enquanto o mundo caminha para atender às metas do Acordo de Paris, o governo do Brasil, na contramão, não mostra disposição em cumprir os compromissos estabelecidos, já ameaçou o Pacto do Clima e se recusa a sediar reuniões do Acordo programadas para serem realizadas no país. Essas atitudes condenam o Brasil a ficar à margem da tendência mundial em busca de saídas sustentáveis e limpas para o transporte individual e coletivo, como é o caso dos veículos elétricos.

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