Férias coletivas e demissões na Volkswagen mostram os efeitos da crise na indústria. Por outro lado, há queda na venda de carros novos e seminovos e aumento na procura por veículos mais velhos.
A queda das vendas no mercado interno está levando muitas montadoras a rever suas estratégias de produção, com a redução do ritmo nas fábricas e medidas que afetam os seus funcionários, como demissões, corte de direitos trabalhistas e férias coletivas.
Além dos fatores ligados à crise no Brasil, em que há redução do mercado interno, houve uma queda de exportações para a Argentina, país para onde se destina 70% de toda a exportação brasileira de veículos. A Volkswagen, maior montadora do Brasil, está anunciando medidas para a fábrica de São Bernardo do Campo, localizada no ABC paulista, que produz o Polo e o Virtus, que são sucesso da marca.
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As informações são do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, que revelou que está prevista a demissão de quatro grupos de trabalhadores, em datas que ainda não foram definidas. A imprensa procurou a direção da Volkswagen, que, no entanto, não quis comentar o assunto.
O presidente da Volkswagen, Pablo Di Si apresentou algumas explicações para a crise atual no setor, como a greve dos caminhoneiros, a Copa do Mundo, que reduziu o fluxo nas lojas, o câmbio e os efeitos da eleição presidencial, cuja campanha já começou. Mesmo exportando para o Chile e Colômbia, a marca teve reduzida sua exportação em 6 mil veículos a menos do que previa. O total de veículos exportados para a América do Sul, pela Volkswagen em 2017, foi de 163 mil unidades.
As projeções para vendas de carros diminuíram
No inicio do mês de julho do corrente ano, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) informou que suas projeções de vendas foram reduzidas de 800 mil para 766 mil unidades para 2018, isto é, 34 mil a menos.
O setor, que esperava um crescimento da produção da ordem de 13,2% para este ano, atualmente espera somente 11,9%. Além da Volkswagen, as demais montadoras ainda não informaram seus planos para conceder férias coletivas. Entretanto, a General Motors vai suspender a produção da fábrica de Gravataí (RS), entre 30 de julho e 5 de agosto, com a justificativa de que será para adequação da linha. A Toyota está fazendo paradas para manutenção, com um período de 10 dias de folga no primeiro semestre e outro de 10 dias previsto até o final do ano.
Demissões na Volkswagen virão em agosto
Depois de dois meses da greve de caminhoneiros, que afetou toda a produção industrial, a maior fabricante de veículos do Brasil, a Volkswagen, vai dar férias coletivas de um mês, a partir de 21 de agosto, para mil operários da fábrica de São Bernardo.
O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC foi informado que essa paralisação forçada estaria relacionada à queda das exportações para a Argentina. Mas, posteriormente, emitiu comunicado desmentindo que a motivação esteja relacionada com a queda da demanda da Argentina. Na realidade, o país vizinho esta enfrentando problemas em virtude da inflação e da alta de juros, que visa conter a sua desvalorização cambial. No entanto, o sindicato que representa os metalúrgicos vê na medida os sinais da crise, que afeta a produção industrial no Brasil como a verdadeira razão.
Confirmando essa interpretação, no dia 23 de julho, a Volkswagen avisou aos representantes do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC que vai demitir 3.600 trabalhadores da fábrica de São Bernardo, o que representa o grande contingente de 34% do total de seus funcionários, que somam 10.500.
A montadora abriu um novo Programa de Demissão Voluntária e anuncio que vai reduzir o salário de novos funcionários. Outras medidas propostas foram o corte no adicional noturno e o fim da estabilidade para os acidentados, que são direitos antigos e consagrados dos trabalhadores, mas que foram afetados pela reforma trabalhista do governo Temer.
Os demitidos serão, em maioria, da área de produção, num total de 2.500, além de 1.100 do setor administrativo.
Seminovos registram queda nas vendas de 49,6%
O consumidor de classe média deixou de comprar veículos seminovos. A explicação mais provável é porque o consumidor de classe média e baixa está restringindo seus hábitos de consumo, já que foi atingido em cheio pela crise econômica. Muitos sofreram os efeitos da reforma trabalhista, que substituiu empregos estáveis por trabalho intermitente ou estão desempregados. A opção então é comprar veículos mais velhos. Realmente, os veículos com 9 a 12 anos de uso tiveram aumento nas vendas de 79%.
Os veículos seminovos, com até 3 anos de uso, tiveram uma grande queda nas vendas, no período de janeiro a abril de 2018, em comparação com o mesmo período de 2017, segundo a Fenauto (Federação de Revendedores Multimarcas). Enquanto que esses carros eram os mais negociados anteriormente, agora estão com vendas abaixo dos carros entre 4 a 8 anos de uso e os entre 13 anos e mais de uso. Em 2017 o volume de unidades vendidas de seminovos foi de 1,7 milhão, caindo para 888,5 mil em 2018, o que representa um declínio de 49,6%.
Os especialistas confirmam que a procura dos veículos seminovos se tornou impraticável diante do preço, fazendo com que o público procure veículos mais velhos.
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O consumidor que continua a comprar o carro zero é aquele das classes média alta e alta, entre eles: profissionais liberais, profissionais especializados em prestação de serviços de tecnologia, funcionários públicos, empresários ligados ao e-commerce varejista online ou empresários do agronegócio, que não foram afetados diretamente pela crise e seus aspectos, como a reforma trabalhista e o desemprego.
O crédito para compra de veículos vem aumentando desde janeiro do ano passado, na comparação com 2017. Os financiamentos de veículos novos subiram 9,6% de janeiro a abril, em relação ao ano passado. O financiamento de usados ficou estável. A verdade é que a diferença de preço entre carros novos e seminovos é reduzida pelas promoções realizadas pelas concessionárias, que fazem de tudo para desaguar seus estoques. Mas mesmo com esse fator, as vendas de carro zero continuam com volume muito abaixo do que o antes da crise.
Segundo especialista da Fundação Getúlio Vargas (FGV) não aconteceu uma retomada total da venda de veículos novos.
Conteúdo revisado por Walter Tadeu de Oliveira Filho, Corretor de Seguros – Registro SUSEP: 201103878
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